sábado, 23 de maio de 2015

Papo com os pais

   
      Hoje vou falar de uma maneira "nua e crua" com os pais de alunos que querem estudar fora.
      Diretamente ao assunto: qual a grande preocupação que, como pais, precisamos ter se nossos filhos quiserem estudar fora?
      Em uma frase: Vamos conseguir pagar?

Existem 2 tipos de bolsas oferecidas pelas universidades americanas:
- Merit based: por mérito, seja esportivo, acadêmico ou outro tipo de qualificação
- Need based: por necessidade. Esta pode ainda se subdividir em:
                            a) need blind: não interfere nas chances de ser admitido
                            b) need aware: pode interferir nas chances de ser admitido

  Bem, para entender melhor esse processo, é preciso saber qual o perfil que o aluno se encaixa:
1) Aluno brilhante, com um currículo excepcional e que busca estudar em uma das universidades top americanas
2) Aluno com um desempenho "normal"

A maioria das universidades "top" oferecem bolsas do tipo need blind. Isso significa que:
- se você comprovar que não tem como pagar, receberá bolsa integral
- se comprovar que só consegue pagar parcialmente, receberá bolsa parcial
- se não conseguir comprovar que não pode pagar, pagará integralmente.

Ouvimos inúmeras histórias de alunos que conseguiram bolsas, por isso, às vezes, subestimamos a importância dessa preocupação. Realmente, para os casos de alunos excepcionais, oportunidades não faltarão. Existem inúmeras histórias fantásticas de alunos que superaram condições inimagináveis e, hoje, estudam em Harvard, MIT, Stanford, Yale, etc, com bolsas totais ou parciais.

Bem, se o aluno for um "fenômeno acadêmico" ele possivelmente conseguirá uma bolsa de acordo com as necessidades financeiras (assim mesmo, será necessário enviar imposto de renda traduzido e um formulário no qual os pais detalham todo o salário ou rendimentos, propriedades que possuem, investimentos financeiros além de enumerar cada gasto que se tem em casa). Muitos desses alunos conseguem negociar boas bolsas, visto que a universidade tem muito interesse em tê-lo como aluno. Mas não se iluda, existem centenas de alunos muito bons do mundo inteiro, ou seja, ele não é uma "mercadoria" que será disputada a todo custo por uma universidade.
Cada universidade adota critérios próprios para concessão de bolsa. No caso de Harvard, as regras são muito claras: quem provar que tem renda anual menor que U$ 65 mil (e apenas 1 imóvel) receberá bolsa integral. Em Stanford, por exemplo, esse valor é de U$ 120 mil. Isso vale para alunos americanos ou internacionais.

     No caso de esporte universitário, as chances de bolsas são maiores, dependendo do nível competitivo e acadêmico do aluno. Mas, em geral, a grande maioria que vai pelo esporte, consegue bolsas parciais em universidades não tão bem ranqueadas academicamente.

            Para facilitar o raciocínio, vou dividir a explicação em 2 grandes grupos:
      1) quem pode pagar  até U$ 60,000 anuais (a anuidade pode variar de U$25,000 a U$60,000)
      2) quem não tem como pagar tudo isso.

      1) Se os pais têm como pagar a faculdade, tudo só dependerá do aluno:
          -  se ele for "fenômeno", vai conseguir estudar  nas melhores universidades (provavelmente pagando integralmente, ou pelo menos de acordo com suas possibilidades)
          -  se for mediano, ainda assim poderá conseguir melhores oportunidades do que, talvez, conseguisse se ficasse por aqui. Alguns chegam a dizer que, podendo pagar, é mais fácil entrar numa boa faculdade americana, do que passar no vestibular (obviamente que falo de uma boa faculdade brasileira!)
   
      2) quem não pode pagar, ou pode bancar apenas parcialmente. Lembre-se:
      -  Não é obrigação do governo americano ou de uma faculdade americana arcar com a educação de seu filho!
      -  No Brasil, não existe nenhum plano de bolsa ou financiamento (tipo FIES) para graduação completa fora do país.
      -  Principalmente com a crise atual, as doações e patrocínios estão ficando cada vez mais escassos

     Para alunos "normais", que sonham em estudar fora e cujos pais desejam oferecer as melhores oportunidades, é necessário estar preparado. Todo ano, centenas de alunos são aprovados. Nem todos conseguem ir. Muitos iniciam projetos de "crowdfunding", tentam patrocínios, buscam recursos de financiamento, mas nem sempre é o suficiente. Com a crise brasileira, está cada vez mais difícil conseguir patrocínios. A alegria da aprovação, transforma-se em angústia para se conseguir recursos e muitas vezes, frustração.
      Leio artigos e mais artigos que só falam do sonho e do sucesso dos que conseguiram. Mas, e a dura realidade dos que não tiveram recursos? Sei de casos de alunos que entraram em depressão. Imagina como é o peso na consciência dos pais que não puderam bancar a "grande oportunidade" na vida do filho?
      Não sou a favor de se hipervalorizar a conquista de algo inatingível à realidade de cada um. Sonhar é bom, ter desafios para ir além é maravilhoso. Mas, precisamos aprender a ter os "pés no chão" , encarando as verdadeiras possibilidades de cada família. Até porque, hoje em dia existem diversas formas de se estudar fora, com vários tipos de bolsa durante a faculdade aqui no Brasil. Pode-se fazer intercâmbios para conseguir duplo diploma, convênios das próprias universidades, estágios ou mesmo um curso ou especialização após se formar.
      Pode parecer que estou jogando "um balde de água fria" em quem lê este post. Mas, na verdade, é só um alerta. Se seu filho está se preparando para estudar fora, é extremamente importante os pais começarem a fazer suas economias!

     Bem, então é melhor esquecer o assunto?
                   Também não!

- Bem, para aqueles alunos com grandes potencialidades, é importante investir muito em se tornar um grande destaque acadêmico, porque aí é possível ser admitido nas melhores universidades do mundo. São essas que, em geral, oferecem bolsas compatíveis com o bolso dos pais.
- Existem muitas universidades que concedem bolsas por mérito. É preciso pesquisar bastante. O fato de uma universidade não ser famosa aqui, não significa que ela não é excelente. Muitas universidades concedem bolsas interessantes para alunos internacionais, mas em geral, são parciais.
- Muitas universidades européias são públicas, e portanto, gratuitas ou têm um custo bem mais em conta. Lá existe um grande interesse em alunos internacionais. O custo seria apenas de moradia e alimentação, que em alguns casos, existe até a possibilidade de bolsa ou financiamento. No caso de Portugal, algumas fazem o processo seletivo baseado no ENEM.
- Algumas fundações concedem bolsa, como a FUNDAÇÃO ESTUDAR (com rigoroso processo seletivo). Algumas universidades têm planos de financiamento próprio (sei que isso é possível em Princeton). Alguns conseguem alguma bolsa atleta. Existe bolsas fornecidas por alguns governos, como é o caso do Japão, que oferece a bolsa MEXT. Talvez exista algum tipo de auxílio por sociedades tipo Rotary, Lions, etc.
- NÃO É POSSÍVEL receber bolsa pelo CNPQ ou FAPESP para graduação completa fora do Brasil
- É possível trabalhar dentro do campus, mas existe uma legislação específica para o trabalho remunerado.


 

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