terça-feira, 13 de maio de 2014

O papel dos pais

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      Durante o processo de application, como nós, os pais, podemos ajudar sem atrapalhar?
      É difícil saber qual o papel dos pais durante esse processo. Existem pais que interferem demais e isso é bom para uns e ruim para outros. Existem aqueles que não se envolvem, nem mesmo na hora de preencher os "financial aid", que são os formulários para solicitação de bolsa. Alguns mais atrapalham do que ajudam, outros ajudam tanto que atrapalham. Existem aqueles pais que não entendem inglês e "fogem" de tudo isso. Existem alunos que tentam afastar seus pais desse envolvimento. Enfim, cada família tem sua dinâmica, e não existe "receita de bolo" para que tudo dê certo.
       Durante a fase que eles têm que escrever seus essays (as redações em que precisam contar ao admission officer sobre quem são e por que desejam estudar naquela determinada universidade), podemos trocar muitas idéias com nossos filhos, porém ser interferir, mais para que eles mesmos se descubram e saibam sobre o que escrever. Precisamos ajudá-los nos prazos, nas datas das provas, nos pagamentos e apoiá-los na ansiedade, expectativa, sonhos e frustrações, tomando o maior cuidado, justamente para não contagiá-los com as nossas próprias ansiedades, expectativas, sonhos e frustrações.
      Como tudo na vida, o que vale é ter BOM SENSO. Eu diria, que precisamos estabelecer um tipo de parceria, aprendendo qual o papel de cada um. Se por um lado, nós os pais, não sabemos sobre as universidades estrangeiras, eles, os filhos, ainda são muito ingênuos e imaturos em relação à própria vida. É importante existir um respeito mútuo: onde os filhos sintam que os pais podem ter uma opinião interessante, justamente porque o conhecem profundamente, e, onde os pais reconheçam que os filhos têm muito mais conhecimento sobre as futuras possibilidades e que eles já estão maduros o suficiente, para voarem sozinhos.

      A maior parte dos alunos (e famílias), aqui no Brasil, acha que não é tão difícil assim conseguir uma bolsa para estudar nos Estados Unidos. Bem, para uma família de BAIXA RENDA, se o aluno conseguir ser aprovado em uma dessas universidades "need blind" ou "need aware", realmente será fácil obter uma bolsa bastante atrativa. Esse tipo de bolsa é concedida pelas melhores universidades (e, portanto, as mais concorridas). As "need blind" farão a seleção do aluno, independentemente da necessidade de bolsa que o aluno terá. As "need aware" vão considerar a solicitação de bolsa, talvez reduzindo um pouco, as chances de admissão. Se estas universidades "escolhem" um aluno, não será por questões financeiras que este aluno não estudará lá. Isto NÃO significa que todos ganham bolsa. Para receber algum auxílio, a família terá que comprovar que não tem como pagar (por meio de declaração de imposto de renda, extratos bancários e formulários preenchidos). Nos últimos tempos, as universidades não concedem as bolsas tão facilmente assim. Os pais precisam conhecer muito esse processo, analisando as possibilidades que têm. Precisam saber negociar a bolsa que conseguiram, porque, muitas vezes, é possível pedir a revisão dos valores.  Por outro lado, já ocorreram casos de alunos que passaram em faculdade tipo MIT e não conseguiram nenhuma bolsa, o que os impossibilitou de estudarem lá. Nós vivemos em um país com uma grande instabilidade financeira. Precisamos estar preparados para assumir um compromisso de pagamentos em dólares.
   
     Deixando a questão econômica de lado, muitos jovens, nos dias de hoje, não sabem cozinhar, lavar (e passar) a roupa, lavar banheiro, e, por vezes, nem mesmo arrumar a própria cama. Muitos estão tão acostumados a "reinar" em casa, deixando seu quarto em uma bagunça total. Prepará-los para viverem sozinhos é também ensinar essas tarefas básicas. Especialmente, porque muitos vão ter um colega de quarto e precisarão respeitar o espaço do outro (na maior parte das faculdades, eles não ficarão em um quarto "single")

      Cada um terá que cuidar sozinho de sua saúde. Fazê-los reconhecer seus limites físicos, sinais e sintomas de que algo não vai bem com o seu organismo, quais medicamentos pode tomar sem recomendação médica, orientá-los em todos os aspectos da saúde física, mental e até sexual são nossas atribuições, e, teremos pouco tempo para ensinar tudo isso. Chegando lá, muitos se empolgam com tudo, participam de todas as atividades, viram as noites em festas, (ou estudando) e logo ficam doentes. Não sabem reconhecer o momento que precisam parar um pouco e que devem se alimentar ou descansar. Outro cuidado muito importante, é a questão psicológica. Muitos alunos chegam a estranhar bastante a vida longe de casa, podendo inclusive desenvolver depressão ou outras patologias. Vale lembrar que lá eles terão muito mais acesso às bebidas, drogas e grande liberdade para agirem sem nenhuma supervisão. Por mais que eles tenham uma boa formação, sempre será importante manter um canal de diálogo. Costumo dizer que aquele pai que fala: "tenho certeza que meu filho NUNCA se envolverá com esse tipo de coisa", é o que menos abertura dá para que o filho possa se abrir e solicitar uma ajuda, se necessário.

     Por melhor orientados que eles estejam, precisamos ajudá-los a se coordenarem com os prazos e envio de documentos. Nem sempre eles conhecem a burocracia que existe em nosso país e a demora para se conseguir algum documento. Muitos são menores e precisam dos pais para tirarem passaporte, solicitarem visto. Precisam fazer alistamento militar, tirar título de eleitor, fazer um check up médico e odontológico antes de viajar. Eventualmente, quando possível tirar a carteira de motorista. Precisamos saber como viabilizar o envio de dinheiro para lá, seja para o pagamento das "tuition" ou para o dia-a-dia. Além das preocupações de reserva de passagem, o que levar, o que comprar lá e até detalhes de como chegar na universidade, entre outras.

     Enfim, nós os pais, temos um papel muito importante: tanto nossa interferência, quanto nossa não participação podem ajudá-los ou prejudicá-los. Há momentos que o melhor a fazer é não fazer nada, mas outros, que não fazer nada, faz com que eles não tenham o melhor!

   
   

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