segunda-feira, 5 de junho de 2017

Pós-adolescente

          


          Há uns dias, ouvi um universitário se auto-denominando "pós-adolescente". Adorei o termo!
          Então, minhas palavras hoje são para vocês.
          Sei que às vezes dá vontade de jogar tudo para o alto!
          Cobranças e prazos; muito mais do que não se quer fazer e bem pouco do que se gostaria de fazer.
          Nunca ser compreendido sobre a falta de sentido de tudo que lhes é cobrado.
          E, ao olhar ao redor, descobrir que quem mais se dá bem na vida não são aqueles que fizeram tudo certinho!


          Então os convido a um momento de reflexão:
- Para onde vão todos os sonhos e ideais puros de uma criança?

- Em que momento aquela vontade de transformar o mundo se transforma em conformismo?
- Pior, quando ela começa a achar que é normal pisar nos outros para subir na vida?

Sempre falamos que a criança é egocêntica, a história de "o sol nasceu para mim". Mas isso ocorre simplesmente porque a criança tem um campo de visão muito pequeno. Ela só vê o restrito mundo que a cerca, onde todos estão voltados a atender suas necessidades.
A medida que ela vai crescendo, ganhando autonomia, ela vai descobrindo um universo que precisa dela, mais do que ela precisa de alguém. É o momento em que ela brinca vestindo uma fantasia e  acredita ser um super-herói para salvar o mundo. Ela sonha sempre com o bem vencendo o mal, e realmente acredita que poderá fazer um bem para a humanidade.
De repente, na adolescência, começa a conviver com sua "tribo". Talvez um primeiro teste de sobrevivência. Mesmo assim, ao sonhar com sua profissão, idealiza um projeto bom. Ninguém quer ser médico para ferir ou matar, nem um advogado para descobrir como burlar a lei ou um engenheiro para  destruir o mundo.
Por que tantos jovens dedicam-se tanto ao vestibular mas, ao serem aprovados, muitos se decepcionam e até desistem daquela faculdade? Qual o sentido de matarem aulas, colarem em provas e darem muito mais importância às festas, bebidas e drogas do que a própria vida acadêmica em si? Na verdade, ninguém precisa gostar de dissecar cadáver para se tornar médico, mas é essencial que se aprenda anatomia. Também não é preciso adorar cálculo para projetar uma ponte, mas se não tiver essa noção, muitas vidas podem se perder. Nem é preciso adorar decorar picuinhas de toda a legislação para defender o direito de um inocente, mas se não adquirir esse conhecimento, não exercerá sua função a contento. É fundamental que o aluno tenha uma formação bastante ampla, para construir uma base sólida. O problema é que nessa sociedade imediatista, parece que a carreira é que precisa agradar o aluno assim que ele entra na universidade.
É verdade que nem sempre a sociedade consegue evoluir na velocidade da transformação dos jovens. Os adultos parecem estar a anos-luz da fase em que um dia tinha que ter 24 horas para curtir a vida, 24 horas para dormir e, é claro que jamais esquecendo das responsabilidades, mais algumas horas para estudar!
A medida que vão adentrando no mundo adulto, a realidade da rotina sem encantamentos começa a apagar os sonhos?
Aquele super-herói com poderes incríveis e ideais sublimes descobre suas limitações e começa a buscar apenas interesses pessoais?

Quando foi que a sua essência se perdeu?

Pois é, quando pequeninas, as crianças acreditam em um senso de justiça e meritocracia próprios. Em sua lógica, elas acreditam que quem se dedicar merece a "recompensa" pelo esforço feito. No entanto, a medida que vão crescendo, percebem que nem tudo é tão simples assim. De repente, descobrem que existem outros que podem até ser melhores do que eles (alguns jamais haviam pensado nessa possibilidade). Muitas vezes, descobrem um mundo real e uma sociedade onde outros se apropriam, justa ou injustamente, de algo que eles tanto buscam e que lhes parecia seu por direito.
Então, em algum momento começam a desacreditar em seu poder de transformar o mundo. Deixam de sonhar e passam a correr apenas atrás de seus interesses pessoais. Diante da dura realidade, depara-se com uma sociedade corrupta, onde cada um só pensa em si. Infelizmente, vivemos a cultura do "levar vantagem", a famosa lei de Gérson. Vendemos a imagem que os mais bem-sucedidos são os que conseguem ser mais "espertos".

Não me admira ver tantas pessoas em depressão. Qual o sentido da vida para elas? Muitas não vivem, apenas sobrevivem. Perderam-se os sonhos, desacreditou-se no futuro. Não há mais esperança de poder transformar o mundo. É preciso batalhar muito para conseguir se adaptar ao presente. Todos vestem sua máscara de bem-sucedido e buscam bens materiais para fingir que tudo está bem.

Puxa, é muito triste ver tantos caminhando assim! Por isso, hoje gostaria de deixar um recado a vocês, pós-adolescentes, antes que comecem a vida adulta já sem seus sonhos:


- NÃO PERCA SUA ESSÊNCIA. Acredite que você pode fazer a diferença na vida de alguém e que o mundo pode ser melhor por sua causa. Não desanime no meio do caminho! Olhe para o futuro. Continue a sonhar! Hoje, talvez muito do que você esteja estudando ou fazendo possa não fazer sentido, mas fará parte de tudo no que você vai se transformar.

Acredite em você com a pureza de uma criança, sem se contaminar pelas inseguranças da sociedade.
O tempo passa muito rápido (eu que o diga! rsrsrsr). Não o desperdice sofrendo, reclamando, achando que nada vale a pena!
O futuro fica mais próximo daqueles que nele focam, acreditando que cada instante atual é só mais uma fase a ser vencida.
Ser "pós-adolescente" ainda é brincar de ser adulto. Dá para curtir muito, errar bastante mas é preciso construir um caminho!

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