domingo, 8 de maio de 2016

FELIZ DIA DAS MÃES



Sou a bruxa chata, carrasca e malvada
Aquela que dá bronca, pega no pé e só diz não
Mal sabem eles que muito mais fácil seria,
vestir uma asa e, tal qual fada madrinha,
fazer-lhes as vontades com a varinha de condão

Acordo-os quando querem dormir,
mando dormir quando acordados querem ficar
Tem hora pra comer, brincar e estudar
Meu papel é ser do contra, só prá variar

Ah!!! Mas tenho mais outra contradição
Tenho colo quente em dia frio,
abraço refrescante quando queima o pavio
Beijo mágico que cura dor
sorriso caloroso que espanta o temor

Talvez sejam sinais de minha loucura
noites sem dormir,
agenda maluca a cumprir
Sacrifícios realizados,
orçamentos estourados
(mesmo que às vezes,
  nem mesmo, um simples obrigado)


Dia das mães!
família reunida, presentes recebidos,
nem sempre...

Mas com certeza em nosso coração,
dia certo não há,
mais do que comemoração,
felicidade no ar
perto ou longe,
onde quer que estejam
distância não haverá

Presente mesmo foi aquele dia,
que de mim, você nasceu
se assim não fosse, jamais conheceria
a verdadeira alegria.
Foi quando o mundo mudou de cor
porque ser mãe
é conhecer
a plenitude do amor.




sexta-feira, 6 de maio de 2016

Faculdade de Medicina Albert Einstein



Como muitos têm me perguntado, hoje vou comentar sobre as minhas impressões a respeito do curso de Medicina Einstein. Na verdade, passaram-se apenas 2 meses e meio, mas já deu para perceber quão inovador e bem estruturado está o curso.

Spoiler: só tem elogios!!! Confesso que estou encantada.
Bem, mas o que vou falar é a minha visão particular, como mãe de aluna. Sou médica formada pela USP, então já vivi o que é ser estudante de Medicina. Talvez existam algumas informações imprecisas, pois baseei-me apenas nas observações que fiz acompanhando do lado de fora da sala de aula, apenas ouvindo comentários dos alunos.

1) sobre os alunos:
Como já disse, minha filha faz parte dessa primeira turma de graduação. Foram 50 alunos selecionados de quase 11.000 inscritos. O vestibular foi bastante inovador, baseado em um método de seleção canadense, onde os alunos com os melhores resultados em um vestibular tradicional são submetidos a uma avaliação de características pessoais, em um sistema de múltiplas mini-entrevistas (MME), valorizando-se os alunos que se destacam por sua ética, comunicação efetiva, tomada de decisão, pensamento crítico, liderança, maturidade emocional, resposta adequada às situações de estresse, trabalho em equipe, etc.
Nesse pouco tempo de convívio, já foi muito perceptível o perfil do grupo. São jovens extremamente pro-ativos, líderes, mobilizados e com alta capacidade acadêmica mas que estão aprendendo a trabalhar em equipe. A maioria, durante o Ensino Médio, foi destaque em suas escolas, mas agora é "muito cacique para pouco índio". Muito interessante vê-los aprendendo a trabalhar com colegas de potencial e personalidade semelhantes, onde todos buscam um grande crescimento pessoal, muitas vezes querendo se destacar, uns mais que os outros. É um grande aprendizado para a convivência profissional no futuro.

Algo em particular dessa primeira turma, é que eles precisam fundar seu centro acadêmico, atlética, escolher mascote, criar logotipo, juntar dinheiro para eventos, estabelecer parcerias, etc. Grandes desafios, idéias incríveis, brigas internas, mas muita produtividade. Não têm veteranos, ou seja, nenhum colega mais velho que lhes possa transmitir experiências e vivências. Isso os fez buscar parcerias com muitas outras universidades, o que vem ampliando o networking. Eles já conseguiram participar de vários projetos importantes e, assim, vão conquistando seu espaço no mundo universitário.

2) metodologia
A Faculdade Albert Einstein usa a metodologia do TBL (Team Based Learning) ao invés do Ensino tradicional. O aprendizado é centrado na participação do aluno, os grupos são pequenos de 6 a 8 alunos, exige-se trabalho em equipe e há feedback constante dos professores e dos pares. A formação tem temas como Humanismo, Medicina de Família, Gestão e Liderança e Estágio Optativo em Consultório, o que mostra o diferencial proposto pela instituição em formar médicos com uma visão humanística e também líderes.
Para essas aulas de TBL, o aluno deve chegar com a matéria já pré-estudada, iniciando-se com uma prova de sondagem. Logo a seguir, o grupo realiza discussão de casos e depois confronta suas conclusões com os outros grupos. Um sistema de ensino bastante dinâmico, onde todos precisam participar. As avaliações são feitas baseadas também nessa participação.  As aulas puramente expositivas são raras.
O currículo foi idealizado após visitação a cerca de 15 melhores Medical Schools do mundo, tais como Harvard, Columbia, Oxford, etc. Há mais de 3 anos trabalham com a elaboração do currículo, seleção e treinamento de professores e metodologia.

Algumas outras faculdades de Medicina também estão deixando o currículo tradicional e introduzindo uma nova metodologia. Mas, o problema que muitas vezes ocorre, é conseguir fazer com que todos os professores, que já estão habituados a dar aula do seu jeito, habituem-se facilmente à nova proposta curricular.

3) tecnologia
Nas aulas de morfologia, cada aluno tem um computador, onde acompanham as imagens, além dos microscópios.
No final de cada módulo, fazem um workshop de ultrassom, com 5 aparelhos de última geração. Além dos recursos tecnológicos, que são fantásticos, imaginem por exemplo, uma aula sobre punção guiada, onde eles precisaram puncionar uma uva que estava submersa em um pote de gelatina de uva, usando o ultrassom. (Uau, até eu queria fazer essa aula, rsrsrsrsr!)
Outro exemplo: assim que terminaram o estudo do aparelho locomotor, foram ao Hospital para fazer um estudo de marcha (aquele exame em que se faz uma avaliação computadorizada por meio de pontos de luzes colocados nas articulações)
Enfim, têm à sua disposição, o que existe de mais avançado em tecnologia. Não há limitação de aprendizado por falta de recursos.

Infelizmente as nossas melhores e mais tradicionais faculdades de Medicina do Brasil estão sofrendo com a falta de verbas nas áreas de Saúde e Educação. Por outro lado, a Faculdade de Medicina Einstein está passando longe dessa crise econômica, até porque, ela é o projeto de prioridade da Sociedade Israelita Albert Einstein atualmente. 

4) laboratórios
Logo nas primeiras semanas, recebem um kit com uma grande quantidade de material. Aprendem em bonecos, passar sonda, realizar manobras de ressuscitação e outros procedimentos. Já fizeram aulas no laboratório de simulação realística no hospital, onde os bonecos "reagem" por uma programação computadorizada.

5) visitas às UBS
Se por um lado conhecem e se familiarizam com a medicina de última geração, têm muitas aulas de humanidades e medicina de família. Vão às UBS e fazem visitação nas casas dos pacientes, colocando-os em contato direto com a realidade de vida daqueles que dependem da saúde pública.

6) professores
Este é um dos grandes diferenciais. Cada docente é um profissional referência na área que irá ministrar aulas. Muitos são chefes de serviço no próprio Hospital. Todos precisam possuir títulos de doutorado, no mínimo. Por outro lado, seu vínculo com o aluno é muito forte. Ele os acompanha de forma muito individualizada, sendo visível o orgulho que sente de seus pupilos. Houve uma vez, em que o professor, ao levar seus alunos para a visita no hospital, comprou e mandou entregar um chocolate Kopenhagen para cada um. O professor responsável geral pela turma, entregou um livro de sua autoria para cada um deles, com uma dedicatória individualizada e escrita de próprio punho. O próprio presidente da Instituição também mandou entregar seu livro, com uma dedicatória dizendo "sua presença nos enche de orgulho".
É claro, que existem os professores mais queridos e outros menos. Mas os coordenadores do curso estão presentes o tempo inteiro, atendendo às solicitações, acatando opiniões, inclusive mudando schedules diante das necessidades propostas pelos alunos.

7) conteúdo
O curso é absurdamente puxado! Ouvi de muitos alunos:
"Puxa, eu achava que nunca estudaria tanto quanto estudei na época do cursinho. Mas agora, com tantas atividades e estudo, também não sobra nada de tempo livre"
Além dos TBL, têm muitas provas. Algumas provas são bastante semelhantes às provas de validação do diploma nos EUA, já pensando naquele aluno, que porventura, desejar fazer sua residência fora.

8) iniciação científica
Com 2 meses de curso, a maioria da turma já está envolvida de alguma forma, com algum projeto. Muitos, inclusive, já iniciaram seus trabalhos.
Logo no início do ano, os alunos receberam uma lista com todos os projetos em que poderiam realizar a iniciação, especificando os professores responsáveis, as áreas de atuação, o tempo de duração e o papel de cada aluno na pesquisa. Tudo de forma bastante organizada. Pelo que soube, o aluno sempre tem sido muito bem recebido pelo professor responsável, que lhes abre as portas dos seus laboratórios, estimulando-os a desenvolverem os trabalhos científicos.

9) atividades extra-curriculares
- Eles podem fazer uma aula semanal chamada "food for thought". Assim, quando a aula começa, eles só podem conversar em inglês. Recebem um café da manhã e vão discutir em pequenos grupos algum artigo, não obrigatoriamente com tema médico. Depois apresentam seu posicionamento para os colegas. Essas aulas não são obrigatórias, tendo como objetivo fazer o aluno aprender a conversar e expor suas idéias em inglês
- Quem quiser, pode participar de aulas de meditação.


10) código de ética
Assim como várias universidades americanas (e algumas brasileiras), não é permitido agir de forma anti-ética. Isso inclui a proibição de assinar listas para os colegas ou colar nas provas.


Bem, será que já elogiei o suficiente? heheheheheh
Estou muito feliz com a oportunidade que minha filha tem em fazer parte desta faculdade. Nesse pouco tempo de curso, surpreendi-me não só com o seu desempenho acadêmico, como também com tantas habilidades que vem amadurecendo.

Enfim, acredito que essa faculdade tem tudo para se tornar referência diante de tão alto nível de excelência na área.

Muito orgulho desses "betinhos" !!!

PS: Para quem não entendeu:  Albert(inho) Einstein