sábado, 26 de abril de 2014

"Semana do calouro"


 

 

      Acabamos de voltar da viagem para conhecermos as universidades que meu filho passou. Visitamos Columbia, em Nova York, depois fomos a Princeton, New Jersey e cruzamos o país para visitar UC Berkeley, próximo a São Francisco e terminamos na Caltech, próximo a Los Angeles. Não visitamos Duke, pois não tivemos tempo.
   
      Fiquei maraaaaaavilhadaaaaa com todas! Cada universidade é diferente, mas todas são espetaculares!

      Prédios clássicos, antigos, ao lado de laboratórios modernos e equipados. Tudo muito bem cuidado. A estrutura de esportes é fantástica.
       Mas não foi só a estrutura física que me impressionou. O mais incrível é a postura do aluno que estuda lá. Tivemos várias oportunidades de conversar com os alunos. Eles estão lá porque querem aprender.!
      Para ilustrar o que estou falando, por exemplo, na Caltech, eles assinam um "código de ética" sobre não "colar" em prova. Então, o professor entrega ao aluno uma prova de 4 horas de duração e diz que é sem consulta. O aluno deve pegar esta prova, escolher um período de 4 horas seguidas e resolver a prova sem consulta no próprio quarto.

      Dá para imaginar que isso funciona??!!! Com a nossa "mentalidade brasileira" isso é simplesmente um absurdo, não?! Mas, para eles, isso é normal.

      Muitas vezes, aqui no Brasil, a gente vê o aluno estudando demais para o vestibular  mas, ao entrar na faculdade, muitos só querem o diploma. Para isso, vale assinar a lista e colar (mesmo a nível de uma USP, que seria uma das melhores universidades brasileiras).

      Dependendo da universidade que o aluno escolhe, ele pode ter fácil acesso a pesquisas científicas desde o primeiro ano. Nas férias de verão podem desenvolver projetos e ser remunerado por isso. O Summer Undergraduate Research Fellowship - SURF, por exemplo, chega a pagar U$ 6.000, por 10 semanas de projeto.

      Nessas universidades, além deles escolherem quais os cursos que querem fazer, eles têm uma grande assessoria. Em geral, os grupos são pequenos, de até 20 alunos. Quando têm aulas nos grandes anfiteatros para mais de 100 pessoas, em seguida, têm um grupo de discussão em pequeno número. Muitos professores ganharam Prêmio Nobel. Então, eles respiram aprendizado. Todos os alunos valorizam o que podem aprender e se orgulham muito por tudo que conquistam. O aluno tem acesso em determinados horários às salas de qualquer professor (muitas vezes até com prêmio Nobel). Basta ele bater na porta, entrar  e conversar sobre o que quiser.

      Têm outras coisas um tanto quanto "bizarras". Em Berkeley, uma universidade fantástica, que admite 12.000 alunos por ano (sim, é muita gente) existe algo peculiar. Nos dormitórios, onde existem quartos para 1, 2, 3 ou 4 pessoas, os banheiros são no corredor. Os prédios são mistos, com exceção de uns dormitórios da engenharia que podem ser masculino ou feminino. Mas, o mais incrível é que os banheiros também são mistos! Então, tanto a parte do banheiro quanto dos chuveiros podem ser usados simultaneamente por homens e mulheres! ( e o chuveiro é isolado só por cortininha!!!)  ..... aiaiaiaiaiai..... bem, enfim, é melhor nem pensar muito!
      Mas, isso eu vi só em Berkeley. (apesar de que na Caltech, existem banheiros femininos e mistos, mas dizem que, no final, os mistos se tornam basicamente masculinos) Pensando um pouco melhor, quem sabe isso ocorra por causa daqueles que não sabem exatamente a qual sexo pertencem.

      Eles valorizam muito o desenvolvimento de várias atividades extracurriculares. Na Caltech, não se tem nenhuma aula das 16:00 às 19:00 hs ( mas, existem aulas noturnas). Durante esse horário, os alunos desenvolvem seus outros interesses, muitos praticam uma modalidade esportiva, cujo treinamento é das 16:00 às 18:00hs, 5 vezes por semana. Outros, participam de "clubes" de música (fazem grupos para cantar "a capella", ou seja, com as próprias vozes, fazem o fundo musical), clubes de robótica, de línguas, de estudos religiosos, de pintura, de "animê" (aqueles desenhos em quadrinhos japoneses), de vários tipos de comunidades e até de cubo mágico!

      Princeton faz parte da Ivy League, ou seja, uma primeira divisão de esportes. É tudo extremamente elegante, tem alunos de todas as áreas acadêmicas. Você terá uma formação muito ampla e com diversidade. É uma universidade que tem como prioridade o aluno de undergrad (ou seja, é mais voltado para esses primeiros 4 anos de formação do que o grad school, que seria a nossa pós-graduação)
     UAU! O campus é incrível! Fica fácil o acesso de Nova York.  É enorme, prédios muito bonitos, antigos e modernos, além de uma área gigantesca para o esporte. Tem até um imenso estádio de futebol americano  (mas, talvez por ser tão competitiva a nível esportivo, acredito que toda essa estrutura seja mais para os alunos que competem, não tenho certeza). Torcer pelo time da faculdade faz com que os alunos se tornem bastante unidos e literalmente "vistam a camisa" de sua faculdade. Mesmo para quem gosta de praticar algum esporte só que não tem esse nível de competitividade, existe a possibilidade de treinar mesmo sem ser para competir a nível de 1ª divisão.
      Em oposição, Caltech faz parte da terceira divisão (o MIT também), então todos os alunos são estimulados a fazerem parte das equipes esportivas. Eles competem, mas com outras escolas de terceira divisão. Assim, toda a estrutura esportiva é para todos os alunos.
     Algumas universidades são enormes, entram mais de 1000 alunos por ano, Berkley, como já disse, entram 12.000 por ano. Caltech é bem menor, entram apenas 250 alunos por ano. Fala-se muito sobre a proporção de aluno por professor: Caltech é de 3:1, Princeton é 6:1 e Berkeley 17:1.
   
      Nós pudemos participar da "semana do calouro" só em Columbia e Caltech. Em Princeton, fizemos um campus tour para alunos que vão pleitear uma vaga no futuro (ou seja, aqueles que ainda estão analisando para quais escolas vão aplicar), além de jantarmos e visitarmos o campus na companhia de um aluno brasileiro do último ano (que nos acolheu com muito carinho). Em Berkeley, fizemos um campus tour para alunos já aprovados, e um tour nos dormitórios, além de receber um vale para comermos nos restaurantes que os alunos comem (a comida é muito variada, com diversas opções, tipo chinesa, mexicana, vegetariana, sanduíches, pizzas, sobremesas, frutas. Muito bom, derrubando aquele pré-conceito de que comida americana é só hamburger!)

      A grande verdade é que, uma vez aprovado, a faculdade tenta fazer de tudo para que o aluno a escolha. Então, o "jogo" é assim: o aluno escolhe para quais universidades vai aplicar. As universidades recebem milhares de inscrições e selecionam os alunos que elas querem. Cada aluno, em geral é aprovado em mais do que uma universidade, precisando escolher em qual vai estudar. Assim, a universidade tenta proporcionar uma "semana do calouro" incrível para que o aluno que ela aprovou, decida-se por ela.

      Sobre Columbia, vou falar sobre o Egleston Scholar Program para o qual meu filho foi selecionado.
      Quando recebemos a aprovação, e logo após, uma carta que ele tinha sido selecionado para fazer parte deste programa, não sabíamos do que se tratava. Tentamos pesquisar e não encontramos muitas informações. Bem, só para se ter uma idéia, como ele foi convidado a ser parte da Egleston, pagaram a sua passagem aérea de ida e volta, com traslado até a universidade, estadia e alguns passeios inclusos, além de um jantar de gala. Isso mostra o quanto a universidade quer que este aluno estude lá. Eles selecionam apenas cerca de 1% dos alunos que aplicaram para o Columbia Engineering. Esses alunos vão contar com um professor titular que será seu tutor, desde o 1ºano (freshman year), além de U$ 10.000 para pesquisas  e outras regalias! Mas, por mais atraente que a proposta tenha sido, não era exatamente o que meu filho buscava.

      Por isso tudo, diante de tantas possibilidades, realmente fica difícil optar! Na prática, não existe opção errada. Todas essas universidades são fantásticas. Qualquer uma delas oferece oportunidades incríveis. O importante será escolher aquela que se adequa mais ao perfil de cada um, seja por causa do clima, do tamanho, da área que tem mais interesse, se é importante estar em uma cidade grande ou pequena. Enfim, daqui prá frente, é simplesmente saber usufruir da melhor forma as oportunidades que aparecerão.
 

terça-feira, 1 de abril de 2014

Vestibular ou application?

     
      Como conciliar 3º ano do Ensino Médio, vestibular e application?

      Antes de mais nada, é preciso uma auto-análise muito sincera:
      1) qual é o meu sonho mais estratosférico? E qual é o meu sonho realizável?
      2) qual é o meu verdadeiro potencial?
      3) e se eu não alcançar meus sonhos?!

      Apesar de parecer muito óbvio, diante da rotina do terceiro ano do Ensino Médio, o aluno se perde diante de tantas atividades e estudos. Em geral, não fazem um momento de reflexão sobre quais projetos precisará valorizar. É necessário ponderar em uma balança SONHO X REALIDADE, e entender que o grande segredo é estabelecer PRIORIDADES, aprendendo a  dividir o tempo e a dedicação, com sabedoria.

      A meu ver, é importante ajudarmos nossos filhos a se organizarem. Para os jovens, tudo é possível e a "obrigação" deles é sonhar. Se não sonharmos na idade deles, quando poderemos idealizar o futuro?!?
      Porém, precisamos ajudá-los a cair na real. Estabelecer metas para conseguir conciliar todas as atividades. Enfim, ter uma programação.
   
      É muito frequente vermos alunos perdidos em meio a provas, livros, simulados... festas de formatura, viagens, amigos e baladas. Os que pensam em estudar fora, ainda têm que se preocupar com SAT, TOEFL, além de pesquisar para quais universidades aplicar e precisam investir no seu "projeto de vida", sobre o qual falará nos essays.

      Priorizar não significa exclusividade. Se meu foco é estudar fora, vou precisar me dedicar mais ao que as universidades americanas valorizam, porém, jamais esquecendo de que, estudar para o vestibular é uma necessidade. Já ocorreram casos de alunos com um currículo fantástico, que não foram aprovados fora ou não conseguiram uma bolsa suficiente, só que também não passaram no vestibular aqui. Então, aquele aluno fantástico pode acabar muito desmotivado nesse gap year, ano em que precisou "dar um tempo". É extremamente importante pensar em planos B ou C.

      São decisões difíceis, o caminho é deles. Mas, se Deus nos confiou esta missão de criar e educar esse filho, é porque eles precisam de nós! Conversar é mais do que falar, é saber ouvir!!! Ouvir seus sonhos, seus anseios, suas dúvidas, inseguranças e frustrações. No momento certo, agir com autoridade de pais, impondo os limites e expressando opiniões. Não ter vergonha de perguntar e dizer que não sabe, reconhecendo que em muitos aspectos, eles sabem mais que nós.

      Meus 2 filhos optaram por caminhos diferentes. Ele, desde cedo, estava decidido a ir para fora, traçando um caminho que o levou a atingir sua meta.  Ela, até chegou a pensar na possibilidade de estudar fora quando fez um summer camp em Stanford (isso porque qualquer um que tenha a oportunidade de vivenciar uma universidade americana, fica fascinado!) Mas, ao optar por medicina, focou-se inteiramente no vestibular.
      Diga-se de passagem, quem quer fazer medicina, direito ou odontologia, não é recomendável fazer lá fora! Essas carreiras nos Estados Unidos são "pós-graduação". Precisa fazer uma "undergraduation" (graduação) de 4 anos, e aplicar para a "graduation" (mais 4 anos).
       
      Assim, é preciso avaliar os sonhos e o potencial de cada um, individualmente:
1) para alguns alunos é possível pensar em vestibular E/OU application
2) para outros, só vestibular .
3) Em todos os casos, saber que tudo pode NÃO dar certo, e isso não significa FRACASSO.

      Toda a experiência de vida, tudo que estudou, todas as fases pelas quais passou, traduzem-se em maturidade. Só de vivenciar todo esse processo, já é uma grande vitória.