quarta-feira, 8 de abril de 2015

ESTUDAR FORA É PRA VOCÊ?


Hoje vou conversar com você, estudante do Ensino Médio. Será que estudar fora é para você?
    
    De acordo com as respostas às seguintes perguntas, você mesmo chegará a uma conclusão.


     1) Como você se imagina daqui 10 anos?
     Se você leva a vida conforme a maré e não sabe onde quer chegar, jamais saberá se vale a pena estudar fora. Faça esse exercício: feche os olhos, reflita um pouco  e mentalize como será a sua vida daqui 10 anos.
     Se você não enxerga nada, ainda está muito imaturo para tomar uma decisão. Dificilmente conseguirá estudar fora. Não saberá escolher para qual universidade aplicar, não conseguirá dizer o que quer buscar e assim, não terá uma história de vida convincente para contar nos "essays", que são as redações do processo de application em que você conta quem é. ( Nos EUA, além das notas, eles valorizam o que você é e aonde quer chegar)


     Bem, mas se você já sabe onde quer estar daqui 10 anos, vá para a próxima pergunta.


     2) Para chegar onde quer, você precisa estudar fora? E, tem que ser agora?
     Não é porque "tá na moda" que o melhor caminho é estudar fora. Muitas vezes, vale a pena fazer a faculdade por aqui e um intercâmbio durante a faculdade. Existem intercâmbios mais completos que permitirão você obter um duplo diploma. Existe a possibilidade de você terminar a faculdade aqui e fazer só a pós-graduação fora.       


      É, mas tudo depende, também, de onde você quer estar daqui 10 anos. Se não aspira muita coisa, pode até se dar ao luxo de fazer intercâmbio só para "passear".


     Já me disseram que existem 2 grandes alegrias para o aluno que passa no vestibular aqui no Brasil. A alegria de entrar na faculdade e a de sair. Parece que grande parte pensa que faculdade é só para conseguir um diploma e a carreira só começa depois. A maior prova disso é o quanto os alunos se envolvem basicamente com festas e atlética, bastando assinar a lista de presença e passar de ano, colando nas provas.


     Então, tá! Se você não ambiciona muito, tudo certo! Mas aí, não vale a pena fazer a graduação nos EUA.


     Agora, se você quer algo diferente do que as faculdades daqui oferecem, se você sente que precisa um grande leque de oportunidades para produzir muito, ainda durante a graduação, vá para a próxima pergunta:


     3) Você vai conseguir se virar sozinho?
     Se você não consegue nem acordar sozinho, sempre se atrasa para a escola, esquece os prazos e deveres, não mantém um mínimo de organização em seu próprio quarto, não tem horário para dormir ou comer, etc... como você acha que vai conseguir se estruturar para viver sozinho?
     Se você não sabe cuidar da sua saúde, imagine o que é ficar doente longe da sua família!
     Se você não mantém uma organização básica de seus pertences, como poderá dividir o quarto com um colega?
     e por aí vai!


     Ah, você é responsável o suficiente para morar longe da família, então vamos à próxima pergunta:


     4) Porque uma universidade americana vai escolher justamente você para ser aluno, se tem gente do mundo inteiro querendo estudar lá?
     O sistema de seleção das universidades americanas leva em conta diversos parâmetros. Eu diria que notas no SAT ou ACT (o ENEM americano) e no TOEFL (prova de proficiência em inglês) são apenas um pré-requisito. Os melhores alunos do mundo inteiro escolhem as melhores universidades (sim, existe um "ranking" das universidades também). Então, você terá que se sobressair entre milhares de concorrentes que são excelentes alunos. Se não tiver notas espetaculares, nem dá prá começar a pleitear algumas universidades.
Ah, e não pense que é só praticamente "gabaritar" o SAT e TOEFL, não! Vale também a sua média de notas no colégio em que estuda. Eles pedem a sua classificação de desempenho, ou seja: se você é o aluno "number 1", ou se faz parte dos 5% melhores alunos, ou 10% ou 20%... Bem, nem é preciso dizer que se você é um aluno bem mediano, suas possibilidades são menores, né!

     Mas, é claro que, se você tentar ser escolhido por uma universidade não tão "top", o nível das notas dos seus concorrentes também será menor. Esse é o "jogo". Entendendo bem o processo de seleção, sua probabilidade de ser aprovado é grande.
     Assim, tente fazer um simulado de SAT e ter uma noção de qual o nível da sua pontuação. Pesquise quais são as universidades em que a média de nota dos alunos aprovados foi semelhante à sua, e você saberá onde suas chances de ser admitido será maior. ( esse link, por exemplo, dá uma idéia aproximada: http://www.collegeconfidential.com/ : clique em "find a college", "my scores" e insira o score que conseguiu no SAT, então você verá uma lista de probabilidades). Você pode pesquisar no www.niche.com também


     Bem, se não é só nota, o que vale então?
     Hoje em dia, a maior parte das universidades busca uma seleção mais holística. Eles querem saber quem você é, o que já fez da vida, como você lida com seus sonhos e frustrações ou até onde você será capaz de chegar. Cada universidade valoriza algum aspecto que julga ser importante para aquele momento. Por exemplo, se você se envolve em um projeto social, se você já teve algum negócio (empreendedorismo), se você é um grande esportista ou tem um dom magnífico. Sei lá, qualquer coisa que te faça único e fantástico.
     Reflita mais um pouco e analise o que faz de você uma pessoa brilhante. Tão brilhante que faça uma universidade desejar que você faça parte dela. Que faça a universidade querer investir no seu potencial e te abrir as portas para você produzir grandes feitos no futuro.
     Pronto, esse é o segredo. Se você conseguir convencer quem lê seus "essays" de que a universidade "precisa" ter você como aluno, você será admitido!


    É claro que eles vão tentar se certificar de que tudo que você escreveu é verdade! Então eles vão pedir cartas de recomendação a seus professores e ao diretor da escola. Ao pedir essas cartas, as universidades também querem saber o que os professores pensam sobre você. As cartas devem falar sobre aspectos de sua personalidade, a forma como você se comporta diante de diversas situações ou sobre seus feitos e suas superações. Não é apenas uma formalidade, tem que ser muito pessoal. Em geral, o professor escreve diretamente para a faculdade e você até declara que não vai ler o que foi escrito. Eles vão tentar enxergar, através dos olhos dos seus professores, como você é verdadeiramente. (Por isso, a escolha de quais professores saberão escrever estas cartas é muito importante!). 
Eventualmente, também podem solicitar uma entrevista pessoal, por telefone ou por skype com algum representante da universidade no Brasil (em geral, ex-alunos).


     Taí! Esse é o famoso processo de "application". Acha que dá para encarar? Então passe para a próxima pergunta:


     5) Por onde começo?
     Escolhendo em quais universidades você gostaria de estudar.      
     Essa é a primeira pergunta realizada por qualquer orientador. No Brasil, algumas são mais "famosas". Muitas pessoas valorizam só Harvard ou MIT, mas existem outras centenas de possibilidades que, talvez, sejam até mais proveitosas dependendo do que você vai buscar.
     Mas como conhecê-las? Em geral, é preciso conversar com muitos veteranos, pesquisar na internet, ouvir recomendações de professores e, se possível, até conhecê-las "in loco".
    Cada universidade tem um perfil diferente. Existem universidades que admitem mais de 12.000 alunos por ano e outras, apenas 250. Analise se você gostaria de morar em cidade grande ou pequena, se gostaria que fosse próxima a grandes metrópoles ou à praia, ou até mesmo, longe de tudo. Pense se o clima influencia seu bem estar, então, considere se a região é muito fria, se neva muito, ou se você prefere o calor. Bem, se você gosta de praticar esportes, lembre que em universidades de primeira e segunda divisão na liga esportiva (NCAA: National Collegiate Athletic Association), dificilmente você terá oportunidade de competir pela faculdade (mas poderá treinar em grupo mais recreativos). Procure conhecer quais atividades extra-acadêmicas ou "clubes" em que você poderia se envolver. Você gostaria de conviver com mais brasileiros ou isso não tem importância. Essa universidade é forte na sua área de interesse, quais as perspectivas do aluno que se forma lá (nível de empregabilidade). Quanto custa e quais as possibilidades de bolsa.

     Se você conversar com qualquer brasileiro estudando lá perceberá quão grande é a diferença do sistema de educação americano. Você terá as portas abertas para desenvolver todo seu potencial dentro da universidade. (é claro, só se você correr atrás). Em geral, você é quem escolhe as matérias que irá cursar e aos poucos definirá qual será seu "major" (área principal de sua formação) e "minors" (extras). Toda a vivência te dará um “background” tão grande que valorizará ainda mais o seu currículo. O networking te abrirá portas. Enfim, acredito que você estará muito além do que você inicialmente imaginou onde estaria daqui 10 anos!


     Bem, se você chegou a ler até aqui, PARABÉNS. Acho que você não terá dificuldades em conseguir fazer a graduação nos EUA. Daqui prá frente, só vou listar as dúvidas mais frequentes de quem está iniciando nesse processo:


     6) Ahhhh, mas são centenas de faculdades! Para quantas devo aplicar?
     Os americanos adoram tabela e classificações. Então eles costumam orientar que você separe as faculdades segundo as seguintes possibilidades:      
   - REACH: a universidade dos sonhos, mesmo que você ache quase impossível ser aprovado, mas você a deseja demais. Seria quase utópico passar, mas se você nem tentar, jamais terá a possibilidade de entrar!
   - MATCH: as universidades em que você provavelmente conseguirá ser admitido, seja pelo nível das suas notas, ou por algum projeto que tenha desenvolvido,
   - SAFETY: aquelas em que você seguramente tem todas as condições para ser admitido.
  
     Assim, muitos orientam aplicar para 2 REACH, 6 MATCH e 2 SAFETY.

Aplicando assim, provavelmente você será aprovado em algumas das 6 prováveis, se tudo der errado, você pode ser aprovado nas "safety", e quem sabe, não consegue a façanha de entrar naquela que você achava impossível ?!  Esse é o segredo para ser aprovado, saber escolher para quais universidades aplicar!
 (É claro que existem alunos tão fantásticos que acabam aplicando só para as "top" e passam em 5 ou 6 das melhores universidades do mundo!)


     7) Quando começar o processo de application?
     No 3º ano do Ensino Médio você começará a preencher o “application” propriamente dito. O ideal seria que você já tenha deixado tudo “meio preparado” (atividades extra-acadêmicas, alguns prêmios acadêmicos, projetos desenvolvidos, medalhas em olimpíadas científicas, enfim, alguns feitos que mostrarão quão “brilhante” você é).
Também deverá estar bem preparado para fazer o SAT e o TOEFL.
     Quanto antes começar a desenvolver um “grande projeto”, mais histórias terá para contar. Muitos se dedicam às olimpíadas científicas. Só quem vive em meio a essas olimpíadas sabem quão viciantes, extenuantes, excitantes elas são. No entanto, por mais difícil que seja o caminho para conseguir chegar a uma olimpíada internacional, mesmo que ganhando medalhas, nem sempre isso é suficiente para entrar em algumas universidades. É interessante ter outras experiências de vida também. Mas tem que ser algo genuíno, que seja feito de coração. Não adianta dizer que foi fazer um projeto voluntário em uma ONG, 3 vezes por semana. O importante é que você faça algo que leve a uma transformação, seja sua, ou das pessoas envolvidas ou da sociedade. Você precisa fazer algo que realmente faça a diferença, mas porque você se envolveu com paixão. No mínimo, isso será maravilhoso para você mesmo!
Esse voluntariado deve ser genuíno, por compaixão e com paixão!

 
     A maioria das universidades americanas solicita o COMMON APP, que seria um application on line padrão. Algumas solicitam quesitos adicionais, tais como "essays" suplementares,  cartas de recomendação, etc.
     As UC (Universidades da Califórnia) têm um application próprio que valem para todas as UC e suplementos individualizados.
     O MIT tem um application exclusivo.


     Neste link: http://www.collegedata.com/cs/content/common_app_colleges.jhtml tem uma tabela com as datas limite de envio dos applications (essa tabela só vale para as common app). Cada faculdade tem uma data própria. (nos sites das UC e do MIT também terão as orientações específicas)
     Você notará que a tabela discrimina o Early Decision, Early Action e Regular Admission.
     Regular Admission é o processo normal. Algumas universidades aceitam uma inscrição que denominam como Early Decision, em que você aplica antes e tem o resultado antes, mas se compromete a estudar lá se for aprovado. No Early Action, você aplica antes, tem o resultado antes, mas pode optar por outra faculdade. A vantagem em aplicar antes é apenas de ficar tranquilo que já passou em pelo menos alguma. (há controvérsias se é mais fácil ou mais difícil ser admitido quando se aplica “early”)


     8) Quando saem os resultados?
     Lembrar que o ano letivo nos EUA começa em agosto/setembro. Então caso você seja aprovado, vai terminar o 3º colegial e terá praticamente 1 semestre de “folga”.
     Os resultados das “early” costumam sair em dezembro. As demais variam bastante, mas em geral entre março e abril.


     9) E se for aprovado em várias faculdades?
     Primeiramente: PARABÉNNNSSSS!!!!
     Aí começa um processo interessante. São as universidades que começam a “disputar” o aluno que ela aprovou. Em geral, existe um fim de semana em que o aluno é convidado a participar de uma série de atividades. A universidade promove palestras, brincadeiras, refeições, tentando “convencer” o aluno a estudar lá. Vale a pena participar desse evento (em geral ocorrem em abril/maio). Quando você é aprovado em várias universidades, conhecer cada uma e sentir onde você se sentirá “mais em casa”, ajudará a decidir qual a melhor escolha a fazer.


     10) Quanto custa? Tem bolsa?
     Bem, aqui é que a situação complica!
     Existem 2 tipos de bolsas oferecidas pelas universidades americanas:
  • Merit based: por mérito, seja esportivo, acadêmico ou outro tipo de qualificação
  • Need based: por necessidade. Esta pode ainda se subdividir em:
need blind: não interfere nas chances em ser admitido
need aware: pode interferir nas chances em ser admitido
  
     Algumas fundações concedem bolsa como, por exemplo, a Fundação Estudar (com um rigoroso processo de seleção próprio) Também existem alguns tipos de financiamentos, bolsa atleta e outras entidades que oferecem bolsas específicas. Não é possível receber bolsa pela CNPQ ou FAPESP para graduação completa fora do Brasil.


     Como a maioria das universidades “top” são need blind, se você for aprovado nestas:
  • comprovando que não tem como pagar, receberá a bolsa integral
  • se comprovar que só consegue pagar parcialmente, receberá bolsa parcial
  • se não conseguir comprovar que não pode pagar, pagará integralmente.


     Muitos alunos conseguem bolsa para o “esporte universitário” (futebol, tênis, natação, vôlei, entre outros). São bolsas para estudar em universidades de primeira ou segunda divisão no NCAA. O ranking acadêmico da universidade não tem relação com o esportivo, ou seja uma faculdade de primeira divisão no esporte pode ser muito forte ou fraca academicamente. Mas, mesmo assim, sempre se exige um bom desempenho acadêmico do atleta, além de treinamento intenso e resultados expressivos no esporte.


    Em geral, as universidades tem uma anuidade que varia de uns U$ 25,000 até U$ 60,000. Para muitos alunos o pagamento terá mesmo que vir do “PAITROCÍNIO” . Bem, mas isso já é uma conversa que você terá que ter com sua família!!!


     Espero ter ajudado a você refletir se quer estudar fora e se valerá a pena.
     Fica a minha torcida, para que você se descubra, ouse sonhar, tenha as armas certas e saiba usá-las para batalhar, e, enfim desfrute da sua conquista, que será só mais um passo para uma conquista ainda maior!